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A Prática do Sistema Gyrotonic® e os Profissionais da Dança

Por Patrícia Aockio

Fazer as pazes com o movimento. Descobrir uma coluna dançante e, para além disso, uma coluna importante, é um processo de muitos momentos e sensações. Mas agora, só posso me sentir agradecida, por reencontrar minhas espirais, minhas voltas e muitas vontades de várias danças! Da terra ao pó de café. Da queda ao tanque de água. Da madeira, que já teve vida. Do chão, que nos centra, que nos impulsiona. GYROTONIC®, GYRO(LINDO), GYRO(LIVRE)… Nuvens para todos os lados!” – caderno da artista, Patrícia Aockio, Maio/2018.

É com esse trecho de um depoimento que faz parte de um dos meus cadernos de artista que começo esse relato sobre o Sistema GYROTONIC® a partir da visão de uma profissional da dança.

Fugindo um pouco de moldes formais utilizados para elencar quantos motivos temos para unir as experiências corporais dos palcos, com as experiências de sentar-se no banquinho das aulas de GYROKINESIS® ou dançar com as polias dos equipamentos de GYROTONIC®, convido você, leitora, leitor desse texto para uma experiência artística provocada por essa pequena criação escrita.

Quando me perguntaram sobre razões para alguém que é profissional da dança praticar GYROTONIC®, me coloquei a pensar sobre o assunto dentro de uma ótica mais técnica do sistema, afinal de contas a paixão por esse trabalho e a eficácia dessa descoberta em meu corpo-dançante teve tanta força, que não pude evitar: me tornei uma instrutora do método.

De acordo com as definições do site oficial do sistema, GYROTONIC EXPANSION SYSTEM® é “Uma abordagem única e holística do movimento. Alguns dos benefícios de uma prática regular de GYROTONIC® incluem: uma coluna mais saudável e flexível, maior amplitude de movimento, maior estabilidade das articulações, maior agilidade e desempenho atlético e uma profunda força interna”.

É um trabalho corporal de força e flexibilidade em um diálogo que promove a mobilidade da coluna (tronco) e alcança todas as extremidades (cabeça e membros). Movimentos na intensidade certa para o estímulo das fáscias, dando, assim, a chance para que elas permitam transformações nos músculos e, enfim, mudanças nos padrões de corpos cheios de história. Corpos que são pessoas. Corpos que são artistas. Que passam por uma sobrecarga de vivências cênicas e que necessitam de refúgios para um descanso físico, mas, também precisam de novas provocações corporais que gerem potência em performances profundas e únicas.

Contudo, as questões técnicas, que são extremamente relevantes e coerentes para essa escolha por parte de um dançarino ou uma dançarina, não são a única conexão entre o sistema criado por Juliu Horvath e a arte da dança. Juliu foi um bailarino profissional de sucesso nos palcos. Ele é um amante do movimento e se considera a alma mediadora desse trabalho excepcional. O sistema GYROTONIC® nos leva para um caminho de autoconhecimento, percepção profunda, respeito ao corpo/templo e transformações íntimas que fortalecem nosso conceito de saúde no amplo campo do que é humano.

Entre o final do século XIX até meados do século XX, existiram acontecimentos dentro da história cronológica da dança que elencaram algumas pessoas com características similares em suas obras e técnicas de movimento. Essas pessoas, consideradas, ainda hoje, ‘Pensadoras somáticas do movimento’. Por sua trajetória e pelas características de seus métodos e sistema, Juliu Hovarth é um pensador somático do movimento.

Refletindo, então, também por esse lado, vejo que um dos pontos que diferenciam o sistema GYROTONIC® de outras formas que complementam as práticas de um dançarino/a, é exatamente o fato estar dentro do que chamamos de ‘Pensamento somático do movimento’. Na criação de Juliu não existe a fragmentação do corpo e da mente. Assim como essa separação não existe na dança, ou nos caminhos somáticos do movimento. Um dos conceitos importantes é o de que somos corpos com alcances físicos, intelectuais, emocionais e energéticos, e que, essas combinações atuam com suas especificidades, porém interligadas, unidas em todas as situações.

Através da prática de GYROTONIC®, aprendemos e/ou reforçamos maneiras de executar os movimentos com maior preservação e menor desgaste articular, muscular e ligamentar. Esse caminho nos dá a chance de aprofundar a consciência corporal necessária para dançar e para se compreender como um corpo em constante transformação.

No meu caso, além de todas essas percepções, a prática de GYROTONIC® permitiu o exercício do cuidado comigo mesma. O momento de ‘reservar tempo e espaço para si’. Sem julgamentos ou cobranças, mas mostrando acolhimento para a cura de feridas que podemos definir como os famosos ‘ossos do ofício’. Essa prática me mostrou o quanto existe vida, cor, beleza e fluxo dentro e fora dos palcos. E que é possível seguir em frente através de um caminho espiralado e tridimensional. O coração de alguém que é Artista da Dança se abre em uma vida que pulsa em constante movimento. E é exatamente isso o que o sistema GYROTONIC® enaltece, de uma das formas mais preciosas que já pude encontrar até hoje.

Patrícia Aockio é bacharel e licenciada em dança e profissional do Instituto Mood.

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